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Selic a 10,75%: Veja Quanto Rendem R$1.000 na Poupança, CDB e Tesouro Direto

  • Foto do escritor: gabriel meneses
    gabriel meneses
  • 18 de set. de 2024
  • 4 min de leitura

O comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) foi visto num tom mais hawkish pelos economistas ouvidos pela CNN, ou seja, mais firme em relação à condução dos juros.

Por unanimidade, os diretores que compõe a mesa do Copom votaram por elevar a Selic, a taxa básica de juros do país, em 0,25 ponto percentual, a 10,75% ao ano.

Essa é a primeira alta observada desde agosto de 2022, quando a taxa chegou em 13,75%.

Entre os pontos de atenção notados estão a “assimetria altista” e “a reavaliação do hiato para o campo positivo” destacados pelo BC.



Traduzindo do “economês”, isso significa que há uma série de pressões que tendem a fazer a alta dos preços piorar, sendo uma delas uma força por parte da economia, que está acelerando rápido demais.

“Vemos dólar mais forte, crise climática que impacta o preço dos alimentos e energia, além de um PIB muito forte, acima do potencial. Nosso crescimento de PIB potencial é aproximadamente 2% ao ano, e estimamos crescimento de 3% em 2024”, explica Beto Saadia, diretor de investimento da Nomos.

“O comunicado reconheceu algo importante que é o hiato do produto positivo, ou seja, esse crescimento forte que vem junto com mais inflação”, conclui.


Entre as pressões inflacionárias destacadas pelo comunicado do Copom, estão a desancoragem das expectativas de inflação, a maior resiliência da alta dos preços de serviços e políticas econômicas, tanto internas quanto externas.

Além disso, a diretoria do BC reforça que a atividade econômica e o mercado de trabalho do Brasil seguem mais aquecidos do que o esperado, tendendo a movimentar a inflação junto da economia.

“Esse dinamismo, em um contexto de inflação já pressionado, tem sido um dos principais fatores que levam o Banco Central a manter uma postura mais rígida, principalmente devido à inflação de serviços, impactada pela massa salarial recorde”, aponta Guilherme Jung, economista da Alta Vista Research.


“Um pé na política fiscal”

Entre as principais pressões que elevam o risco no Brasil e as perspectivas de inflação, está a questão fiscal.

O governo tem gastado mais do que tem arrecadado nos últimos meses, e a tendência, até alguns ajustes recentes, era de que o buraco seguisse aumentando.

Isso somado a mudança da meta fiscal do ano que vem, dando mais espaço para gastos, feriu a imagem de responsabilidade do Executivo. E quando há um temor de risco maior, a inflação acompanha.


“Não dá para o Brasil ficar apenas com o pé na política monetária sem que a política fiscal seja contemplada também”, aponta Paloma Lopes, economista da Valor Investimentos.

Ao citar que “monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros”, o Copom reconhece a importância desse assunto para o otimismo com o país no futuro e a condução da política monetária, aponta Felipe Uchida, head do departamento de análises quantitativas e sócio da Equus Capital.

“Além disso, [o Comitê] alerta que uma depreciação prolongada do câmbio pode gerar pressões inflacionárias, reforçando a importância de uma política fiscal consistente para ancorar as expectativas de inflação e facilitar a condução da política monetária”, conclui Uchida.

Mas, desse modo, também se destaca que o Copom possa estar agindo mais pela pressão do mercado do que pelos dados apontados em si.


Perspectiva

Apesar de novamente ter deixado o guidance em aberto, Saadia, da Nomos, aponta que, dessa vez, a atitude não deve provocar uma percepção no mercado de que o Copom está sendo leniente, já que o tom do comunicado foi rigoroso.

“As incertezas são grande daqui para frente e temos alguns motivos que podem ajudar a inflação, como menor preço de commodities, taxa de juros menor nos EUA e menos impulso fiscal com os contingenciamentos do governo”, avalia o diretor de investimentos.

O Comitê indicou que o ritmo e a magnitude dos ajustes futuros na taxa de juros dependerão da evolução da inflação, especialmente dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, como as expectativas do mercado.

“O Copom dá ênfase às expectativas, e deixa em aberto a magnitude e quantidade de altas a depender dessa evolução”, explica Vitoria, do Inter.

Uchida, da Equus Capital, complementa que “esse tipo de guidance sugere cautela nas próximas decisões e flexibilidade para ajustar a política conforme as condições econômicas evoluam”.

Luiz Fernando Figueiredo aponta que esse movimento é importante para que o BC possa colher mais informações e ter uma “fotografia” maior para frente.

Mas o BC também traz em seu comunicado destaques positivos para conter a inflação, como a possibilidade de uma desaceleração global mais forte e um efeito maior do aperto financeiro que também vinha sendo praticado no exterior.

Outra coisa que favorece o cenário no Brasil é o corte dos juros pelo Federal Reserve nos Estados Unidos. O banco central norte-americano derrubou seus juros em 0,5 ponto, levando a banda de 4,75% a 5% ao ano.

Desse modo, há um consenso entre os economistas ouvidos pela CNN: o ciclo de alta não deve ser tão duro e tão longo como foi o anterior.

“A decisão do Fed ajuda muito o Brasil, aprecia a moeda brasileira. Assim, a vida do Banco Central fica mais fácil. O cenário é favorável para que se tenha um ciclo pequeno de altas, levando a Selic a 12% no máximo, o que deve levar a inflação bem próximo da meta em 2026”, aponta Paulo Gala.

“É melhor ter esse mínimo ciclo agora, para moderar e estancar a inflação, do que ter que fazer um choque de juros lá para frente”, conclui.


 
 
 

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